Economia de Francisco e Clara: um modelo econômico baseado no amor
Já falamos aqui no blog sobre a necessidade latente de novos modelos econômicos para contrapor o formato capitalista atual. A estrutura neoliberal da sociedade moderna tornou as pessoas individualistas e competitivas de uma maneira não saudável e sustentável. De acordo com a Economia de Francisco e Clara, isso afasta a humanidade da nossa essência de viver em comunidade.
Quem são Francisco e Clara?
Francisco é São Francisco de Assis, um frade italiano que foi canonizado pela Igreja Católica por sua devoção em ajudar pessoas em situação de pobreza. Clara de Assis, também italiana, tornou-se santa pela Igreja por conta dessa mesma missão de vida de São Francisco de ter feito voto de pobreza e ter dedicado sua vida ao próximo. Apesar de menos conhecida, Clara foi a fundadora do ramo feminino da ordem Franciscana.
O movimento da Economia de Francisco e Clara se inspirou em ambos, com o objetivo de ser uma ponte entre as pessoas que têm muito e as que têm pouco. A proposta desse modelo é trazer o masculino e feminino em lugar de igualdade, rejeitando a perspectiva patriarcal ligada à economia materialista, produtivista e extrativista. Dessa forma, ela transforma conceitos existentes, e tem o amor ao próximo como base. Vale ressaltar que essa teoria econômica não está ligada ao cristianismo, ou a nenhuma religião, ela apenas acabou por ser idealizada e influenciada por membros influentes da Igreja Católica.
Quem foi o idealizador da Economia de Francisco e Clara?
A Economia de Francisco e Clara é uma proposta recente, ainda em construção, do papa Francisco. Aliado a movimentos populares, organizações, intelectuais e jovens do mundo inteiro, o papa apresenta esse modelo econômico como uma resposta à crise que a sociedade capitalista vem enfrentando.
A ideia foi apresentada pela primeira vez em março de 2020, em uma reunião convocada pelo papa com todos os países do mundo. O objetivo do encontro era justamente discutir uma nova economia, que sirva à sociedade, e não o contrário.
O que é a Economia de Francisco e Clara?
Como já comentamos, a Economia de Francisco e Clara baseia-se no amor, no bem estar da comunidade, na solidariedade e na justiça social; não na religião católica. Dito isso, ela defende uma escuta profunda das necessidades da sociedade ao invés do capital, principalmente dos grupos descartados pelo capitalismo.
Esse modelo tem como objetivo “trazer gente jovem, além das diferenças de crenças ou nacionalidade, para um acordo no sentido de repensar a economia existente, e de humanizar a economia de amanhã: torná-la mais justa, mais sustentável, assegurando uma nova preeminência para as populações excluídas”, assim como diz o papa Francisco. É ao redor dessa filosofia que se constrói uma cultura do encontro.
Os 10 princípios da Economia de Francisco e Clara
1. Ecologia integral
Tudo aquilo que existe e vive deve ser respeitado. A ecologia integral reconhece as relações humanas, sociais, ambientais, políticas e econômicas, de forma que não sejam nocivas aos demais seres.
2. Desenvolvimento integral
O desenvolvimento humano integral é essencial para as mudanças estruturais, tendo foco no cuidado da criação e colocando pessoas em situação de pobreza para participarem da construção de políticas sociais e econômicas.
3. Alternativas anticapitalistas
O bem viver é o caminho para a construção de novos modelos econômicos, pautados na igualdade, sustentabilidade e cidadania.
4. Bens comuns
O modelo capitalista atual limita o papel do Estado na garantia de direitos sociais básicos, pois privatiza direitos e estatiza prejuízos. Esse cenário deve ser revertido para podermos usufruir novamente dos bens comuns.
5. Tudo está interligado
É com esse pensamento que a crise eco social atual poderá ser superada. As soluções devem levar em consideração principalmente as pessoas em situação de pobreza e os povos originários.
6. Potência das periferias vivas
Historicamente as periferias são berços revolucionários, que originam diversas lutas emancipatórias de movimentos sociais. O caminho para a reconstrução do modelo econômico global deve ter as periferias como ponto de partida.
7. Economia a serviço da vida
A vida deve ser o centro das relações sociais, de forma a “realmar” a economia. Todos os grupos hoje reprimidos devem ser respeitados e ter seus direitos garantidos.
8. Comunidades como saída
Atores locais devem ser protagonistas. Para tanto, precisam retomar seus territórios sagrados de origem. A descolonização tem que ocorrer para valorizar a pluralidade cultural que existe no mundo.
9. Educação integral
Educação deve ser pública, gratuita, inclusiva, inovadora, libertadora, ambiental e artística. Desta maneira é possível promover a cultura do encontro e o desenvolvimento de novas economias.
10. Solidariedade e clamor dos povos
A economia deve ser pautada na justiça social, economia solidária e agroecológica. Assim é possível criar conexões entre os movimentos sociais, que são elementos chaves para a construção de novos modelos econômicos.
Por que a Economia de Francisco e Clara deve ser levada em consideração pelo mercado financeiro?
Abraçar a neutralidade diante da desigualdade econômica e social já não é mais uma opção para as empresas. Principalmente ao sabermos que 66% da população brasileira está disposta a pagar mais por serviços e produtos de organizações comprometidas com ações socioambientais.
Instituições privadas e o mercado financeiro têm um papel importante a desempenhar nesse cenário de valorização de modelos econômicos menos destrutivos e mais sustentáveis. Um ótimo exemplo é o crescimento de negócios sustentáveis que vemos pelo Brasil e pelo mundo.
Estar à frente de tendências, neste caso acompanhando de perto o desenvolvimento dessa nova proposta de economia, também pode ser benéfico do ponto de vista econômico. Por exemplo, fundos focados em investimentos atrelados às boas práticas ESG, que conversam diretamente com a Economia de Francisco e Clara, captaram mais de 2,5 bilhões de reais em 2020.
Estar a par de propostas econômicas emergentes é uma estratégia de negócio bastante inteligente e de vanguarda, e as consultorias e workshops do Yiesia podem te ajudar nesse processo. Estamos caminhando para um cenário em que além de considerarmos apenas os números do Produto Interno Bruto, devemos valorizar os índices de Felicidade Interna Bruta, colhendo os frutos sociais, ambientais e econômicos dessa escolha ao longo do caminho.
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Que bom Maria do Carmo! Se precisar de ajuda, pode contar com o Yiesia.
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